Transtorno de ansiedade

Pela Dra. Claudia C. Maquiaveli

Neuroses atuais e a síndrome de Burnout

Para Freud, nas neuroses atuais a pressão sobre o ego seria responsável pelo aparecimento dos sintomas de fadiga, ansiedade e angústias. Portanto, as neuroses atuais se desenvolveriam a partir da dificuldade do ego em lidar com as questões cotidianas, familiares, profissionais ou sociais. Atualmente, podemos definir esse transtorno de ansiedade como um quadro clínico que se manifesta, principalmente, em indivíduos com características obsessivas e viciado em trabalho. Geralmente, esses indivíduos apresentam sintomas como: fadiga, fraqueza, ansiedade, angústia e muito cansaço. Esses sintomas ocorrem em decorrência ao excesso de carga de trabalho. Nesse caso, o indivíduo pode desenvolver a Síndrome de Burnout, caracterizada pela presença de fadiga incapacitante, associada à perda de memória, angústia e depressão.

Você sabe qual é a diferença entre ansiedade e angústia?

A ansiedade é sentida como uma ânsia ou desejo desmedido, associado a uma falta de harmonia psíquica, que nem sempre é visível ou perceptível. De forma que, o indivíduo utiliza excessivamente mecanismos de defesa, negando a ansiedade, o que a torna latente (não aparente). Um exemplo da diferença entre ansiedade e angústia ocorre no caso de uma pessoa que tem medo de altura. A pessoa evitará o fator ansiogênico (causador da ansiedade) até que tenha que subir em um elevador panorâmico e chegar ao décimo quarto andar de um prédio. Ao pensar na possibilidade de entrar no elevador, o indivíduo fica ansioso, poderá apresentar dores de cabeça, musculares e de estômago. Mas, ao entrar no elevador, ela apresentará uma ruidosa crise de angústia. Nesse caso, haverá um sentimento de estreitamento e aperto no peito, acompanhado de sensações somáticas, como: taquicardia, dispneia, sudorese e medo eminente de morrer. A angústia aparece como produto da falha nos mecanismos de defesa de negação da ansiedade, em virtude do excesso de estímulos externos ou internos.

Neurose de angústia

Diferente das neuroses atuais, a neurose de angústia estaria relacionada a repressão dos desejos e conteúdos libidinais inconsciente, ou seja, ela se apresentaria em virtude de uma carga sexual não descarregada. A neurose de angústia é um transtorno de ansiedade que se manifesta por meio de uma angústia livre (sem causa ou um estímulo consciente) que pode ser permanente ou se apresentar em momentos de crise. Nesse caso, o indivíduo também apresenta sintomas somáticos como taquicardia, sudorese, dispneia, acompanhados da sensação de uma bola no peito e de um estado fóbico (medo de morrer, enlouquecer ou medo de que alguma tragédia possa ocorrer). Quando os episódios de angústias são recorrentes, deve-se desconfiar da possibilidade de que a pessoa esteja apresentando a Síndrome do Pânico.

Síndrome do pânico

Por muito tempo, houve uma confusão entre as definições de neurose de angústia, fobia e Síndrome do pânico. Uma vez que a Síndrome do pânico apresenta os mesmos sintomas somáticos das neuroses de angústia e o medo recorrente típico das doenças fóbicas. Embora a síndrome do pânico e as neuroses de angústia tenham sido inicialmente classificadas por Freud dentro do grupo das neuroses atuais, atualmente, os psicanalistas reconhecem que essas psicopatologias estão mais próximas da etiologia das psiconeuroses. Nesse caso, o indivíduo poderá apresentar um histórico de traumas infantis ou mesmo da fase adulta, como o estresse pós-traumático. O que ocorre é que na eminência do retorno do conteúdo traumático reprimido, os sintomas fóbicos e somáticos serão desencadeados. O paciente apresentará episódicos recorrentes de angústia, com taquicardia, sudorese, dispneia e sensação de morte eminente. Com a psicoterapia associada aos medicamentos específicos atingem-se bons resultados na redução e melhora dos sintomas da Síndrome do pânico.

Transtorno de ansiedade e a terapia psicanalítica

A terapia psicanalítica pode ser uma grande aliada para o tratamento dos transtornos de ansiedade, tanto relacionados às neuroses atuais quanto às neuroses de angústia. Diante de um um quadro clínico de neurose atual, na qual o ego sente-se pressionado por questões familiares, sociais e profissionais, o processo de análise poderá trazer alívio dos sintomas com redução das angústias.

Quando nos referimos às neuroses de angústia, verificamos que, na verdade, os sintomas fóbicos e somáticos apresentados pelo analisando estão relacionados ao medo inconsciente do retorno de desejos proibidos ou traumas que foram reprimidos na infância. Durante as sessões de psicanálise esses conteúdos reprimidos são trazidos ao consciente, através do método de associação livre, aliado aos processos transferências. À medida que esses conteúdos são elaborados e ressignificados, os sintomas de ansiedade e angústia vão sendo aliviados.

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